Rigor na redação: Enem terá 20% a mais de corretores

 

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Kevin Ashton

 

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Exame terá 20% a mais de avaliadores da redação. Em 2012, 735 foram afastados

O candidato que fizer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) este ano pode estar certo de que haverá mais profissionais corrigindo as provas de redação. Pelo menos, é o que afirma Luiz Cláudio Costa, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pela aplicação do exame. Em entrevista ao GLOBO, ele afirmou que vai aumentar em cerca de 20% o número de 5.683 corretores que avaliaram os textos do último Enem. O objetivo da medida é evitar que os profissionais sofram com uma possível sobrecarga de trabalho. As inscrições para o exame começam hoje, às 10h, e serão encerradas no dia 27 de maio. As provas estão marcadas para os dias 26 e 27 de novembro.

Em março deste ano, uma série de reportagens publicada pelo GLOBO mostrou que redações que tiraram nota máxima no exame continham erros graves de concordância e grafia, como "trousse" e "enchergar". Além disso, o jornal relatou que textos com trechos irônicos tiveram notas acima da média geral. Um participante que escreveu uma receita de miojo na redação, por exemplo, recebeu 560 pontos na avaliação. Em depoimento, corretores criticaram o excesso de textos avaliados por cada profissional.

Segundo Costa, 735 corretores foram desligados da correção de redação após a última edição do Enem por meio do sistema de avaliação chamado "redação de ouro", no qual o profissional corrige um texto já previamente analisado pelo Ministério da Educação (MEC). Se a avaliação for muito diferente do conceito dado pelo MEC, o corretor pode deixar a banca. Em prol da padronização da correção, o Inep listou 33 itens que devem ser checados por supervisores dos corretores, como repetição de notas entre redações.

- Considerando que tivemos mais de 5.600 corretores, ter que desligar somente 735 mostra que estamos evoluindo no aumento do rigor na correção. O Enem é um processo de aprimoramento constante - diz Costa.

Entretanto, o presidente do Inep descarta qualquer hipótese de modificar a nota da redação após recursos de estudantes que se sintam prejudicados. No ano passado, o MEC firmou com o Ministério Público Federal um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) que permite ao aluno ter acesso ao espelho de seu texto corrigido, mas sem a opção de requerer modificação. O TAC que garante esta "vista pedagógica" tem validade de cinco anos e foi usado pela primeira vez na última edição do Enem. Muitos candidatos acionaram a Justiça exigindo uma reavaliação, mas, de acordo com o presidente do Inep, ninguém conseguiu alteração da correção.

- Qual o vestibular faz vista pedagógica? Não tenho conhecimento de nenhum. Na vista do Enem, ficam muito claros os critérios de correção. Este é o direito no candidato.

Banca vai analisar discrepâncias

Cada redação será avaliada por dois corretores. O resultado final será a média aritmética entre as duas notas obtidas. Se as avaliações apresentarem uma diferença maior do que 100 pontos entre si ou se a diferença das notas em alguma competência específica for superior a 80 pontos, a redação deverá ser corrigida por um terceiro profissional. A nota final será, então, a média aritmética entre as duas notas que mais se aproximarem.

Se ainda assim houver discrepância, a redação será corrigida por uma banca composta por três corretores que atribuirão a nota final, sendo descartadas as notas anteriores.

- Mesmo sem a possibilidade de recursos para revisão de notas, nosso sistema de correção será bastante eficaz - garantiu Costa.

Na última edição do Enem, o terceiro corretor só entrava em cena quando a diferença entre as notas era de 200 pontos. Mesmo assim, cerca de 21% das 4.113.558 redações realizadas foram corrigidas três vezes. Costa espera que, este ano, com a mudança, o percentual supere os 30%.

Na quarta-feira da semana passada, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, declarou que as redações que, mesmo contendo desvios de português, chegarem a receber nota máxima terão de apresentar uma justificativa do corretor. No entanto, esta medida não pode ser encontrada no edital do Enem, publicado no dia seguinte, fato que recebeu muitas críticas de educadores. De acordo com o presidente do Inep, porém, os corretores que trabalharão no Enem deste ano serão orientados a proceder de acordo com as instruções do ministro.

- O sistema de correção é muito dinâmico. Eu não posso simplesmente colocar tudo no edital, mas se você o ler, vai ver que a exigência ficou implícita - explica Costa.

lacres eletrônicos para os malotes

Apenas 0,05% das redações avaliadas obteve nota máxima em 2012. Cerca de 1,8% foram deixadas em branco pelos candidatos e 1,76% receberam nota zero.

Os participantes do Enem também poderão ver, nas salas de prova, que todos os 50 mil malotes com os cadernos de questões terão, pela primeira vez, lacres eletrônicos reaproveitáveis. Com isso, o Inep saberá exatamente o horário em que as provas foram lacradas na gráfica e, depois, abertas nos locais de aplicação do Enem. O custo desse investimento em segurança foi de R$ 11,2 milhões.



Mais corretores no enem
O Globo - 13/05/2013

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