Polícia Civil : Uso em testes físicos de concursos
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Carlos Drummond Andrade
Candidatos a integrar os quadros da Polícia Civil são submetidos a exame antidoping feito pelo Instituto de Medicina Legal (IML). Os legistas analisam a urina dos aspirantes aos cargos de agente, delegado e perito para saber se eles são ou não usuários de droga ou se fazem o uso de anabolizantes. Editais de outros concursos da área de segurança pública também exigem o exame, mas cada instituição firma convênio com um laboratório particular. Esse, todavia, não é o caso de certames para cargos do Departamento de Trânsito (Detran).
Comprar o OxyElite Pro não foi problema para um analista de redes de 29 anos. O homem, que preferiu manter a identidade em sigilo, afirma ter conseguido o suplemento em três ocasiões diferentes, em uma delas para realizar a prova de resistência do concurso da Polícia Militar. “Tomei por conta própria, para ter mais gás. Enquanto fazia uma corrida de 10 minutos sem parar antes, depois de tomar consegui fazer a de 30 minutos, sem cansaço algum”, contou. Na primeira vez em que consumiu o suplemento, ele perdeu 9kg. “No meu caso, o único efeito colateral foi o coração acelerado”, contou.
O Correio procurou a Polícia Militar para saber sobre os exames toxicológicos feitos na iminência de concursos públicos. Por meio da assessoria de imprensa, a corporação esclareceu que cabe ao próprio concursado apresentar o teste laboratorial, com laudo médico, à junta especializada da PM. Sobre o OxyElite Pro, a Polícia Militar informou não ter como precisar se as substâncias contidas no suplemento podem alterar o resultado do antidoping. A corporação amparou a justificativa na falta de estudos comprobatórios do risco e da segurança da composição do produto.
Punição
O consumo de suplementos alimentares sem registro da Anvisa é incentivado não só por vendedores clandestinos, mas por profissionais da área de saúde. O Conselho Federal de Nutrição garante acompanhar de perto os desdobramentos das investigações relacionadas ao uso do OxyElite Pro.
O coordenador da unidade técnica do órgão, Antônio Augusto Fonseca, promete punição aos profissionais que receitarem suplementos proibidos. “Dependendo da fundamentação da denúncia, o nutricionista poderá ser advertido ou até mesmo ter a inscrição cancelada”, disse. Ele ainda destacou o trabalho dos fiscais dentro de lojas e academias a fim de evitar a prática irregular.
Correio Braziliense - 15/01/2013